Estava um dias desses escutando uns discos na casa de um amigo enquanto conversávamos sobre um monte de coisas sendo o Turismo e a industrializaçâo do Carnaval duas delas. Por estarmos no condomínio Equitativa, em Santa teresa, tinhamos o Pão de açúcar e a Baía de Guanabara como pano de fundo. Embalados por algumas bossa do Caetano discutíamos os Rumos que as cidades de potencial turístico estavam tomando e, como a maioria delas tem suas festas populares como um dos grandes fatores turísticos, acabamos por discutir os motivos que levaram estas grandes festas (como o Carnaval de salvador) a se tornarem na atual industria do entretenimento. Meu amigo apontava a Band e os produtores Paulista, Cariocas e Mineiros como os grandes incentivadores do Carnaval como um produto a ser comercializado submetendo-o dessa forma à glamourizaçâo do popular suplantando-o. Enquanto substituía a bossa pelo disco transa do caetano afirmava ele ser o turismo também outra máquina a favor da massificação dos costumes e da poluição dos lugares por onde passava. "... na época que Arembepe serviu de base para todo aquele movimento ripie eu estava por lá, eu vivi aquela época, nåo tinha essa coisa de massa que tem hoje, a Bahia vivia outra época... teve um ano que vi o filhos de gandhi sair só com o Gil e mais umas duas dezenas de fuliôes, não era nem de longe no que se transformou hoje o Bloco!.." bradava. Ufa!!Permaneci lá sentado em uma raridade de poltrona setentona somente mastigando seus argumentos , concordava com alguns enquanto outros me instigava a retrucar, foi ótimo!! Volta e meia percebia uma luz diferente acima do pão de açúcar e sobre os barquinhos ancorados na baía, era lindo ver a luz do sol voltando com a passagem das nuvens. "Sou um otimista incorrigível e ao meu ver o turismo em um país como o Brasil é uma consequência", o respondi. "... Não há como negar este imenso potencial natural, folclórico e musical que possuímos. Agimos de forma ingênua, despreparada, inconsequente, não enxergamos o turismo brasileiro como uma importantíssima fonte futura de divisas. Não foi a audiência da Band e nem o papel de agências como a CVC que transformaram os carnavais e as cidades turísticas baianas no sucesso turístico que são hoje. Em algum momento isso iria acontecer, é natural! Existe um mercado turístico e cultural em forte expansão pelo mundo, o que faltou foi ter se antecipado a este fenômeno, preparadando dessa forma as bases deste produto, no caso aqui o turismo, sem que para isso fosse sacrificada, durante o processo, suas raízes culturais. Não podíamos ter permitido que o Axé e o pagode monopolizassem o carnaval sufocando os demais ritmos e empobrecendo o cenário musical. Não ter permitido tambem que a criaçâo de blocos desse continuidade a mais uma forma de segregaçâo, já basta as ínumeras divisôes sociais que temos". Meu brother levantou e foi até a cozinha buscar um pouco de água para lubrificar nossas gargantas já meios secas de tanta teoria gasta. "Quanta demagogia!". Brincávamos. Ele retrucava uma coisa, concordava com outras enquanto eu continuava afirmando que se tívessemos instruído os administradores e a populaçâo local a respeito das vantagens de se promover um turismo limpo, ambientalmente correto, cultural e pedagógico poderíamos entrar de forma justa nesse jogo, sem ter que pra isso submeter a natureza ao homem e permitindo tambem, através da multi polaridade, uma circulaçâo muito maior de informaçôes ligadas a todos os setores culturais...".
O papo poderia entra pela noite se deixássemos, era um assunto que se emaranhava por diversas cadeias produtivas, nem com a discografia completa do Caetano tendo sido escutada chegaríamos a um veredicto. O que acabamos concordando foi que a largada tinha sido dada e as regras deveriam ser rígidas para que não fossem comprometidas as nossas belezas naturais e os milhares de futuros empregos. Da próxima vez vamos tentar escutar alguma coisa mais rock´in roll para ver a quais conclusões chegamos, até lá.
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