Zé Pretinho

   

Zé Pretinho nasceu em Ilhéus e se formou nas ruas de Sampa, capital para qual se mudou após completar 18 anos e receber a autorização de Dona Gina e seu Laufilho. Por lá trabalhou como taxista, ocupação que o colocaria em contato e amizade com toda espécie de figuras da cidade o graduando nas mais variadas espertizes. Aos 23 anos, 1,89 de altura, corpo atlético, pele negra de ascendência Nigeriana, ligeiro, bem humorado, namorador. Andava pelas ruas do seu bairro com tamanha desenvoltura levando-o a conquistar a amizade e respeito de todos na quebrada. Poucos sabiam e alguns suspeitavam que ali estava um malandro Nato, capaz de cruzar tranquilo, apesar da cor da pele e da pouca instrução escolar, as fronteiras daquela cidade entrando e saindo quase sempre tranquilo dos locais onde aplicava seus golpes. Sempre bem vestido, calcas sociais acinturadas, camisas brancas de botões, por dentro, caneta no bolso, sapatos engraxados, unhas, barba e cabelos feitos, relógio e seus inseparáveis anel e corrente de ouro. Se dizia protegido por seu Orixá o qual o tornava um vulto, uma brisa ou uma tormenta. De boa praça, excelente piloto, compadre, olhos de águia, dedos longos, boêmio e filho de Ogum. Aos 30 já era proprietário de um sobrado de 3 andares localizado na Vila Verde, de um Scort XR3 vermelho e de uma boa quantidade de dinheiro em espécie. 
Numa roda de samba na vila glicério no verão de 92 Conheceu Uda, filha de Dona Chica, requisitada cozinheira dos bacanas da cidade. 24 anos, Alta e cheia de curvas, olhos e Pele negros como a noite, não resistiria aos encantos e conversa daquele Preto Baiano de sorriso maroto. Dalí seis meses Zé Pretinho a pediria em casamento promovendo logo em seguida uma das festa mais comentada da vila verde. Entre os 240 convidados, alguns juravam que a roda de samba foi formada por mais de 40 músicos, estavam presente toda fauna da cidade. Juntaram-se aí os familiares que ja viviam em Sampa com uma turma que tinha vindo da Bahia acompanhado Dona Gina e seu Laufilho. Eram tantos primos e sobrinhos, crianças correndo, cachorro latindo, parecia festa de político, autoridade, artista. Ao todos foram 3 dias de festa, Dona Zumira do Acarajé foi chamada às pressas por que em festa de Baiano nâo podia faltar uma boa moqueca e Dona Gina havia sido proibida de assumir a cozinha, estava ali para festejar o casamento do terceiro entre seus 9 filhos. Tanto ela quanto Laufilho e metade da família eram evangélicos, só não tomavam álcool mas festejaram do mesmo jeito. Alguns dos Primos tomavam escondidos um copinho ou outro de vinho doce ou um gole de cerveja, riam todos de tudo o tempo todo, no dia seguinte às 10 hs da manhâ o samba começava de novo, a carne ia pra brasa, a cerveja circulava, os malandros pouco ou nada dormiam, queria eram festejar. Alguns novos convidados iam se agregando, entre eles muitos já nem sabiam o motivo da festa nem quem a estava oferecendo. Aquilo tudo entraria para o folclore entorno da figura de Zé Pretinho.
Dalí dois anos nasceria Junior e um pouco depois Renan, o casamento já  não ia muito bem, Zé Pretinho não era fácil e Uda uma das mulheres mais Brava que ele haveria de conhecer. Encerrava-se assim o período pacifico do relacionamento que no verão de 98 teve seu fim. Duas das razôes, entre muitas, é que ele acreditou que conseguiria seguir escondendo tanto sua profissão quanto seu antigo caso com Denise, a manicure. O pau quebrou feio, Uda o ameaçava denunciar, botar fogo em suas coisas, ódio e dor de mulher traída. Numa dessas discursões quase lhe rompeu a cabeça com um cinzeiro de cristal que explodiu em mil pedaços contra a parede da sala. Chegava ao fim assim o primeiro casamento de Zé Pretinho.
As crianças ficariam com a Mâe na casa que agora, por direito era dela. Ele aparecia nos finais de semana para visitá-los na praça em frente ao sobrado, trazia sempre algum presente e nunca antes de ir esquecia de deixar com eles um envelope de papel contendo algum dinheiro. Uda não o queria ver nem pintado de ouro mas tâo pouco abria mâo da pensâo, fato gerador de muitas outras tantas discursões e que por muitos anos Zé ia fielmente  pagar.



OSMundo

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