A torre


Cruzamos por treze horas os Lençóis Maranhenses

O sol desmaiou

Caravana de dois

Céu sem estrelas

Nuvens anunciando tempestade

Olhos tateando o reflexo fluorescente do branco das dunas 

Na escuridão da noite dos grandes desertos

Resistíamos.

Na areia com unhas e dedos cavei um abrigo

Assim o imaginei

Horizontal chuva que não caía, disparada corria com o vento a brincar.

Nossos corpos ali se juntaram

quentes, fatigados

corações, compasso, contido desespero

Suspiros.

Desistimos da cova

Agachados te abracei 

Em minhas costa a chuva 

Distante já não sabíamos aonde, o mar.

Meu corpo foi teu abrigo

Errantes através das intermináveis dunas e  cristalinas lagoas de águas rasas e tranquilas

Do tempo 

Dos sonhos

Do desconhecido

Da vontade de algum vilarejo encontrar

Nos aproximávamos do que seriam as luzes de um lugar

Uma torre distante, um Farol, esperança 

Sinfonia de Sapos, grilos

barulho de Rio

O cruzamos

Olhos adaptados a luz da noite sem Lua

Enfim Chegamos, às quatro da manhã

Nâo à Betânia como havíamos programado

Mas à Santo Amaro.



OSMundo






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